sábado, 15 de janeiro de 2011

"Ideologia, eu quero uma para viver"

Pois é, aqui estamos, pessoas agredidas na paulista, gente se preocupando com banheiros gays em quadras de escola de samba, bulling nas escolas americanas, e novela da globo com personagens gays, fugindo dessa temática o Rio em calamidade, Etna em erupção, Europa embaixo de neve, meu Deus, como tem coisa pra se discutir no mundo, tanta coisa que parece que o tempo não dá conta, aí passo na frente do cinema, um cartaz, lançamento do cinema brasileiro, Bruna Surfistinha, o que é isso, por favoooor, não tem nada melhor nesse país do que filmar a vida de uma prostituta, tá certo, depois que fizemos um delinquente, genial como poeta, isso é indiscutível, mas delinquente, como Cazuza parecer um cara a ser seguido, uma vida a ser romanceada, teve também o Selton Melo que já teve que encarar um traficante de luxo e um brasileiro que alcançou a fama por um erro da polícia britânica, a unica coisa extraordinária nesse caso é o erro porque mais nada justifica o filme, a grande bilheteria fica por conta da polícia, olha que legal, assumimos que nossa polícia é corrupta, que o policial está com os nervos em frangalhos, fazemos filme sobre isso, aplaudimos e... e nada mais, tudo como antes no reino de Arantes, mas vejam só a polícia tomou o complexo do Alemão, todo mundo aplaudiu, não sei porque, primeiro, não fizeram mais que a obrigação, para isso existe um estado organizado, e segundo, se tomaram  é porque haviam perdido e perderam porque, justamente por tudo o que era, é e será por muito tempo da mesma forma, não acabo com o tráfico, apenas faço com que ele mude de base de operações. Que tal, depois de Bruna Surfistinha, talvez um filme sobre Marcola ou Fernandinho Beira-Mar, vamos fazer a sociedade acreditar que tem algo de interessante na vida dos fora da lei, nesse caso pelo menos "nossos heróis não morrerão de over dose" rsrsr, isso é a falta total de ter do que falar, falta de caracterização de ídolos, falta de conceitos, o que é certo ou o que é errado, o criminoso vira filme, de filme vira modelo, de modelo vira herói, que o diga Virgulino Lampião ou o Padrinho Padre Cícero, ou mesmo os bandeirantes, que país é esse? como ninguém enxerga o que está por trás de tudo isso, a falta de cultura, falta de modelos, falta de educação, enquanto filmes extremamente inteligentes, mesmo comédias, elevam o nosso cinema, as grandes bilheterias ficam por conta dos Bope da vida, o que faz uma pessoa chegar na frente de um cinema e fazer essa escolha? o que leva um pai a deixar o filho assistir e começar a copiar um modelo como esse? Talvez nem o pai tenha modelos, custo a ser pago por anos de ditadura, de acefalamento da sociedade, de repressão das idéias, me pergunto o que esperar de um país assim, que espera o começo de todos os anos para assistir Big Brother, será que vale a pena, dá pra acreditar que esse é o país do futuro? Que futuro? Quem não sabe de onde vem, como pode saber para onde vai? Quando o correto será o certo e a cultura será realmente valorizada? Talvez quando entenderem que o pilar de todas as nações sempre foi educação, mas educação de verdade, com seriedade e não com números, o dia em que ouvirmos um discurso pedagógico que não cite estatísticas mas sim, aprendizagem, nesse dia talvez, até lá "ideologia, eu quero uma pra viver".